O treinamento físico da mulher é diferente do homem, pela anatomia que a mulher apresenta, principalmente nos membros inferiores, e também, pela influência dos hormônios femininos, sendo importante compreender essas características para melhor orientação ao realizar os treinos e para prevenção às lesões.
Por exemplo, é de cinco a seis vezes mais frequente a lesão de ligamento no joelho da mulher do que no homem, e isso se deve a essas condições anatômicas e hormonais da mulher.
Treinamento Físico da Mulher e a Anatomia Feminina
Neste fator, a diferença do treinamento físico da mulher e do homem se deve pela alteração da anatomia do quadril da mulher. Por ser mais largo, a diferença de força e da anteversão do fêmur, faz com que a rotação interna da mulher seja maior no quadril e a força de rotadores externos seja menor.
É importante a avaliação dos rotadores externos do quadril com testes de força e, também, com testes de mobilidade e movimento para avaliar o grau de mobilidade do quadril, tanto no teste clínico como por videoanálise, denominado de cinemática, nas práticas atuais de avaliação.
Essa anteversão aumenta a predisposição de lesões tanto no quadril quanto no joelho. A anteversão é um movimento da pelve para frente, sendo a retroversão para trás, originados por alguma alteração na postura, causando este desequilíbrio nas curvaturas das vértebras.
Hormônios Femininos e o Treinamento Físico da Mulher
Além da anatomia, um outro dado importante é que os hormônios femininos contribuem para uma uma alteração elástica de ligamentos da cápsula articular, conhecido como hiperflexibilidade cápsuloligamentar.
Portanto, sob a influência dos hormônios da mulher, pode haver um aumento da elasticidade das articulações que estão normalmente estabilizadas pelos ligamentos e pela cápsula.
Além disso, por causa do ciclo menstrual, a mulher vivencia todo mês, uma interação complexa de diferentes hormônios: luteinizante, folículo-estimulante, estrógeno e progesterona, nas 3 fases que envolvem um ciclo:
- Fase Folicular;
- Fase Ovulatória;
- Fase Lútea.
Na fase folicular, há um aumento nos níveis de estrógeno que causa a alteração elástica, já demonstrada em alguns trabalhos, originando um aumento da hiperflexibilidade cápsuloligamentar.
Uma outra observação é entender como é o ciclo menstrual da mulher. Se ela faz uso de contraceptivo ou não, se suspende o ciclo menstrual, se é irregular, todos essas características têm uma influência muito grande quando se trata de prevenir as lesões no treinamento físico da mulher.
*Dr. Nemi Sabeh é médico esportivo, cirurgião ortopedista especialista em ombro e cotovelo e CEO da On Evolução Corporal.