Monitoramento de Treino em Dispositivo Eletrônico Portátil: Como Interpretar?
O monitoramento de treino em dispositivo eletrônico portátil, através dos diversos modelos de wearables disponíveis, tem sido muito comum atualmente, pela facilidade com que diversos aplicativos fornecem os dados para usuários que praticam atividade física ou até mesmo atletas profissionais.
Wearable é um termo em inglês que se refere a dispositivos eletrônicos vestíveis ou incorporados no corpo, projetados para serem usados como acessórios e até mesmo roupas. Esses dispositivos são equipados com sensores, processadores e recursos de conectividade para coletar, analisar e transmitir dados.
Os wearables mais comuns são o smartwatches e smartbands, os relógios inteligentes e pulseiras fitness que realizam o monitoramento de treino e atividade física, medindo frequência cardíaca, gasto de calorias, contagem de passos, entre outros recursos.
De acordo com a frequência cardíaca e das calorias consumidas, também é possível medir a distância e zona de treinamento.
Gasto Calórico no Monitoramento de Treino em Wearables
É comum que as interpretações do monitoramento de treino nos dispositivos eletrônicos sejam bastante confundidas pelo paciente ou pelo atleta. É preciso ter um conhecimento mais aprofundado ou contar com o auxílio de um médico do esporte ou outros profissionais especializados, sobre como avaliar essas variáveis, como por exemplo, o aferimento do consumo calórico.
A medição das calorias é um consumo total e não específico. Isso significa que, é mostrado o gasto calórico de toda a caloria que foi consumida, seja ela gordura, carboidrato, proteína, ou qualquer substrato que nosso corpo assimila para produzir energia na realização da atividade física.
Geralmente, quando não há aumento da frequência cardíaca, o dado calórico não é demonstrado de forma fidedigna como ocorre, por exemplo, na musculação. Por mais que o indivíduo tenha feito exercício, se não houver aumento da frequência cardíaca, costuma não haver efeito sobre o consumo de calorias real do paciente ou atleta.
O dispositivo eletrônico pode não compreender o maior gasto de calorias, caso a frequência cardíaca não se eleve. Avaliar qual o tipo de exercício realizado é bastante importante para quem procura seguir o monitoramento de treino através de smartwatch, smartband e afins.
Monitoramento de treino em dispositivos eletrônicos
Monitoramento de Treino e a Frequência Cardíaca
Para a avaliação da frequência cardíaca é preciso compreender que o organismo tem dois tipos de produção de energia.
Uma delas é através do carboidrato (glicose). O carboidrato fica dentro da célula e se torna o principal substrato, ou matéria prima, do nosso corpo para produzir energia, principalmente nos exercícios anaeróbicos, que são os de força e musculação.
Na musculação, por exemplo, quando o carboidrato dentro da célula muscular se esgota, ela buscará a glicose do sangue ou de outras fontes no organismo. O principal substrato é o carboidrato.
Logo, nos exercícios anaeróbicos não veremos a frequência cardíaca aumentar tanto, refletindo nos dispositivos um gasto calórico abaixo do realmente consumido.
Diferentemente, os exercícios aeróbicos têm como principal fonte de energia o oxigênio. O coração precisa bater rápido para levar esse oxigênio para o corpo todo. Associado a esse consumo de oxigênio, também está a gordura.
Portanto, temos a verificação de dois tipos de metabolismo para a interpretação do monitoramento de treino que demonstram a frequência cardíaca e queima de calorias:
- Anaeróbio – que é a queima do carboidrato e, também neste plano, a proteína.
- Aeróbio – como o nome diz, proveniente do oxigênio e da gordura.
É possível fazer uma analogia entre o óleo e o álcool na combustão. Na combustão do óleo, a chama é menor e queima por um tempo mais prolongado. A combustão do álcool é como o carboidrato, há uma explosão mais forte e acaba mais rápido. Então, para diferentes tipos de estímulos, recorre-se ao carboidrato ou ao oxigênio/ gordura.
Os exercícios aeróbicos são exercícios lentos, prolongados e contínuos, onde se consegue produzir energia durante um tempo muito longo, a frequência cardíaca costuma ser baixa. Já o exercício anaeróbico, ele é de forte intensidade, mas não é prolongado.
Um fator a considerar é que o condicionamento físico de cada pessoa influencia a frequência cardíaca em cada tipo de exercício.
Por exemplo, a corrida – que é uma atividade aeróbica, pessoas mais bem preparadas poderão correr distâncias longas com a frequência baixa. Outros com menos preparo, poderão correr a mesma distância com maior esforço e, por consequência, maior frequência cardíaca. O mesmo na musculação – que é uma atividade anaeróbia. Quem tem mais força faz um menor trabalho cardíaco.
Dependendo do condicionamento físico do indivíduo, a frequência cardíaca aumenta porque o corpo procura utilizar todas as fontes energéticas para produzir energia, tanto aeróbico quanto o anaeróbico. O consumo energético acaba se somando ao total de calorias demonstrado no dispositivo eletrônico.
*Dr. Nemi Sabeh é médico esportivo, cirurgião ortopedista especialista em ombro e cotovelo e CEO da On Evolução Corporal.