A importância do que Simone Biles fez hoje, ao desistir de seguir na competição por equipes da ginástica artística, em Tóquio, talvez só seja verdadeiramente compreendida com o passar do tempo. Como foi a saída de Naomi Osaka de Roland Garros, em maio, também com o intuito de proteger sua saúde mental. Ainda na arena, quando não sabíamos exatamente o que acontecera, chamou-me a atenção o fato de Biles torcer pelas companheiras pulando, sorrindo, sem aparentar nenhuma lesão. Como se quisesse deixar claro para o mundo que não havia nada errado com seu corpo. Ela poderia facilmente ter botado um gelo na panturrilha e encerrado a polêmica, mas não.
Então, ela falou. E todas as especulações ruíram. Com a palavra, a maior ginasta de todos os tempos: “Acho que a saúde mental é mais importante nos esportes nesse momento. Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos, e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos.” “Eu não confio mais tanto em mim mesma. Talvez seja o fato de estar ficando mais velha. Não somos apenas atletas. Somos pessoas, afinal de contas, e às vezes é preciso dar um passo atrás.” “Eu não queria ir lá, fazer algo estúpido e me machucar. Sinto que muitos atletas se manifestando realmente me ajudou. É tão grande, são os Jogos Olímpicos. No fim de tudo, não queremos sair carregados de lá em uma maca” Fico imaginando a cena (porque conheço bem a cena). A mulher com medo de cometer um erro e se machucar. Não está bem. Quer parar. Atingiu seu limite. Sente a “pressão do mundo sobre os ombros”, como ela escreveu no Instagram. Mas é obrigada a seguir, sente que não tem opção. É o que esperam dela: dar mais do que pode, do que quer.
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